terça-feira, 14 de abril de 2009

Aos amantes da solidão

Na maioria das vezes eu não sei. É um vasto que me habita bem no centro, justo na referência. Eu puxo o fio e o novelo é longo. Nesse desenrolar é que brotam as palavras. É feito ilha onde elas nascem, com margem de praia longe. Eu fico sentada numa pedra molhando os pés no mar. A vida passa e eu mergulho, sem nem saber nadar. Se me bate o desespero, uma verdade me salva: somos todos sozinhos – duas pernas, dois braços, mãos e pés cheios de dedos e um pensamento sem fim. Esta é a minha imensidão: um pensamento sem fim – e desejo a solidão a modo de ter medo de nem desejo mais ter. Até que algo me dói, o corpo dá sinal, por via de uma lágrima ou de falta de sexo. O caminho faz volta e as mentiras que eu conto me fazer rir. Ainda hoje contei que adormecera antes do tempo, só pra me proteger. Eu invento, casulo, esquento, me estico... e só depois eu volto a pertencer.

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