quinta-feira, 25 de março de 2010

Condição Humana

No meio da semana,
Vinho e prosa de chão de sala.
Do meu pão de cada dia faz parte a liberdade dos inconscientes postos,
Das mulherices,
Das caras filosofias que traçam o prumo da vida.
Por medo de metrô
E desejo de prolongar a viagem
Sigo de ônibus
Ora com as poesias, ora com os jornais, pensando:
O que tem pra hoje além de esperar o meu amor chegar?
Planos de lugares
Planos pro jantar
Plano de maternidade e pro meu céu de estrelas.
O sorriso da minha cria não tem preço,
Mesmo quando ele não gosta de mim.
Ser mãe e ser bicho abrigo
É sentir umbigo e água de parto até o fim dos tempos
É rastejar e glorificar nesta andança
Que chamam evolução.
Vendo uma entrevista sobre disco voador pensei:
Está certo – o universo é grande demais
Deve ter ser usando mais que 5% de si.
A vida é grande, meu Deus e eu, confusa.
Não fosse a poesia
Viveria morta.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Feita de relações

Continuo recebendo títulos: poemas a serem escritos.
A poesia, que sempre me veio pronta e concluindo, agora marca um encontro:

Ela me sinaliza a roupa
Ela me ensaia o tom
Aceito.

A minha palavra quer correr o mundo sem pressa. Chega de manso o meu dom e, sussurra.
Escuto o silêncio ensaiando a novidade.
Aquela usura que eu tinha está descansando.
A minha filha sendo parida dentro d´água pela calma das mães das sábias.
Entra delicada e faz minha alma lavada.
Neste teia em que sou tecida – o outro na minha vida– vou sendo criada.

domingo, 21 de março de 2010

Sobre títulos

Estou sentindo
a grande coragem de dizer: eu te amo.
Faltou lhe falar
Da leveza deste sentimento,
Pelo meio das palavras que trocamos.

.
.
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De poeta pra poeta: obrigada, David.

sábado, 20 de março de 2010

Por vir

Sempre me ocorreu chover as palavras e, ao final, dar título ao poema.
O título é aquele trecho que apreende o poder do texto e que, na maioria das vezes, vem de pronto, como um ponto, um resumo da cadência astral.
Nem sempre os itens do batizado estavam explícitos, mas o título é, digamos assim: o maestro, aquele que prepara o coração para o ritmo, harmoniza os meus pontos ambíguos, e transpira o todo unido.

Acontece que no meu processo escrito, tem havido uma subversão: tenho parido títulos ainda sem poemas nas mãos – assim:

“Estou sentindo”
“A grande coragem de dizer eu te amo”
“O que faltou lhe dizer”
“A leveza de um sentimento”

Que venha agora o enredo
O lastro da criação
Uma vida natural.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Transparente

Mãe, você está apaixonada?
Sim, estou - e nisto reside uma alegria imensa.
A novidade
O nascimento
É este amor sem ressalvas
O transito que tem no meu corpo
Este sentimento.