sábado, 22 de junho de 2013

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada



O meu nome poderia ser cabeleira. Fartura. Cachos. Fios. Caraminholas. Passei tanto tempo sem gostar desse cabelo. Vivia preso, molhando para abaixar, domar, sabe como? Mas hoje eu amo. É cheio, volumoso, flexível. Quando criança tive muito piolho e isso era péssimo. Odiava os cortes que a minha mãe fazia, meio trauma mesmo. Passei uma fase só comprando shampoo e cremes caros. Depois alisei. Fiquei um tempão com escovas progressivas. Tão sem personalidade! Agora não. Qualquer shampoo e creme, dos mais vagabas que existem, deixam ele lindo. O negócio é variar. Sabia que cabelo se acostuma com um produto e o vício tira os efeitos? No meu box tem unas dez variedade, quem vê sempre estranha. Lavo, seco só com toalha (escova nem pensar!) e passo os dedos. Depois um leave in, e deixo soltos para emoldurar o rosto. Cada dia tenho uma nova forma. Meu look depende dele, é meu ponto de mutação. Assim como eu, meu cabelo é sem disciplina, cheio de liberdade e louco por um cafuné.

Dizer

Dizer através do corpo. Dizer através das mãos. Dizer através dos sons. Dizer. Não acumular, falar. Precisar, dizer. Calar, dizer. Dizer o silêncio, expressar, não estagnar. Dizer, espreguiçar, esticar, dizer. Cantar, brincar, falar, pintar, chorar, urrar, dizer. Dizer a pausa. Dizer o gesto. Dizer o olho. Escutar as águas profundas e dizer. Dizer para si mesmo, dizer com cuidado. Dizer com força, dizer. Não estancar, fluir e dizer. Falar, não sufocar. E, sobretudo, dizer o amor. Amar. Amar sem medo, sem medo de dizer. Amar é voar, ser livre. Ser livre é dizer o amor. Ser vivo é amar. Amar é dizer e escutar. Amar é infinito. Amar é a língua dos homens. Quem ama aprende a falar.