quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Os dez anos do Lucas

Faz contas de fração, conhece o sistema excretor, admira exposições, quer praia se faz calor. Canta Beatles e toca piano. Pesquisa o Clube da Esquina. Pula na cama, brinca de química e odeia se eu fico cínica. Dança na sala um ritmo doido, gira sem parar. Diz o que pensa, chora seus medos e odeia desavença. Grita alto se sente dor. Chama os amigos para brincar. Vive no computador. Mas aceita se eu mando parar. Adora gastronomia, curte cozinhar. Melhor ainda comer doce e aos outros agradar. Faz o meu peito vibrar quando fala o que o não gosta em mim. Ter conseguido isso me faz gostar ainda mais de mim. Mostra carinho, olha nos olhos, sem nunca recuar. Diz tchau mamãe, dá um sorriso e sabe que pode voltar. Seu rosto são flores, palavras são brilho, seu corpo é feito de cor. Faz minha vida ser mais linda, faz meus gestos serem amor.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Não sumi da poesia, muito pelo contrário

Voltei de Paraty tomada por um estado de criação cotidiana. Era esta a proposta e eu nem sabia, não sabia no que iria resultar este Fazer Poético Cotidiano que concebi com a Morgana. Para além do que escrevemos, que não foi pouco, o nosso registro diário não cronológico mas onírico, restou, ainda resta, este desejo que já existia - inventar a vida.
Já existia mas agora tem uma dimensão que me abraça e embala. Quase não penso das minhas ações, e é como se me coubesse apenas aceitar convites. Chegaram alguns:

Babette, parceria com o Coletivo Gourmet, onde Ayran Nicodemo me acompanhou com seu violino em poemas para celebrar o amor num jantar gourmet no dia dos namorados. O que eu gostei? Que ao invés de ter sido um jantarzinho naquele clima romântico meio batido, os poemas criaram uma liga gostosa entre quem estava lá. Deliciaram-se não só com a comida incrível da chef Ana Salles, mas também com o erotismo que Manoel de Barros, Adélia Prado, Elisa Lucinda e outros poetas escreveram tão bem. Além disso eu servi poesias, então alguns mais corajosos leram os poemas em voz alta ou para o seu par. Foi lindo de ver e viver! 










Mais com o Coletivo Gourmet - Rio Gastronomia

Criei um roteiro de músicas e poesias cruzando gastronomia, amor e arte com o Marcelo China. Ensaiamos, deliramos, saímos até na revista de Domingo do Jornal o Globo. Por motivo de força maior, a vontade de São Pedro, não conseguimos apresentar. Justo nos nossos dias, um Domingo na Lagoa e um sábado em Madureira, choveu, choveu, choveu. Estamos com essa vontade reprimida e já armando uma oportunidade para apresentar este trabalho. 


Bom, tem mais coisa, mas acho que vou dedicar este post à parceria, que tem sido bem gostosa. Publiquei um poema meu no blog do coletivo que replico aqui. Cada vez mais convencida de que viver em rede é a forma mais bacana de existir.

Fragmentos da cozinha amorosa

Degustar fragmentos
Pedaços de amor
Em texturas-gema
Aromas-baco
Caldo-sentimentos
Que tal como um poema
Invadem corpo a dentro
Despertando palavra
Sentidos-verbo
Versos de pele arrepiada.
Casamento: comida e afeto
Gesto de incluir no fazer da cozinha
A alegria de viver
De proporcionar
E pôr a alma no alimento.
Arte no ofício de misturar:
Gente com gente
Cada ingrediente na sua melhor essência
Cadência de tempero
De conversa
Cheiro na quantidade prefeita
E pra finalizar a receita
Carinho no exagero.
Adorável experiência de sentir passo a passo
Que toda dedicação se encolhe pra caber numa mordida
Num só garfo
Que entre um e outro gole
Recorre à memória por imagens:
Refeição em família
Merenda de colégio
Jantar de despedida
Almoço de aniversario
E busca cada estrato do percurso
Que nos traz até aqui
Neste agora
Que a refeição comemora.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O FAZER POÉTICO NO COTIDIANO - Off Flip - Paraty

Preparando as malas e os poemas para conversar sobre O FAZER POÉTICO NO COTIDIANO, resultado da experiência que estabeleci com Morgana Masetti.



Foram quase três meses escrevendo um diário de nossas experiências de vida e memória.  Habitando um espaço de invenção, refletimos, adensamos os afetos e criamos novas camadas do real. 

Para nos ajudar a tecer, Leo Gonçalves, poeta e amigo querido.

Participação especial Nina Flor.

Este é o convite para esta partilha!

Sábado, 03/07/2013
10:30
Rua Santa Rita, 178 - Paraty

Uma realização em parceria com o Clube dos Autores. 
Convite do Paulo Santos

sábado, 22 de junho de 2013

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada



O meu nome poderia ser cabeleira. Fartura. Cachos. Fios. Caraminholas. Passei tanto tempo sem gostar desse cabelo. Vivia preso, molhando para abaixar, domar, sabe como? Mas hoje eu amo. É cheio, volumoso, flexível. Quando criança tive muito piolho e isso era péssimo. Odiava os cortes que a minha mãe fazia, meio trauma mesmo. Passei uma fase só comprando shampoo e cremes caros. Depois alisei. Fiquei um tempão com escovas progressivas. Tão sem personalidade! Agora não. Qualquer shampoo e creme, dos mais vagabas que existem, deixam ele lindo. O negócio é variar. Sabia que cabelo se acostuma com um produto e o vício tira os efeitos? No meu box tem unas dez variedade, quem vê sempre estranha. Lavo, seco só com toalha (escova nem pensar!) e passo os dedos. Depois um leave in, e deixo soltos para emoldurar o rosto. Cada dia tenho uma nova forma. Meu look depende dele, é meu ponto de mutação. Assim como eu, meu cabelo é sem disciplina, cheio de liberdade e louco por um cafuné.

Dizer

Dizer através do corpo. Dizer através das mãos. Dizer através dos sons. Dizer. Não acumular, falar. Precisar, dizer. Calar, dizer. Dizer o silêncio, expressar, não estagnar. Dizer, espreguiçar, esticar, dizer. Cantar, brincar, falar, pintar, chorar, urrar, dizer. Dizer a pausa. Dizer o gesto. Dizer o olho. Escutar as águas profundas e dizer. Dizer para si mesmo, dizer com cuidado. Dizer com força, dizer. Não estancar, fluir e dizer. Falar, não sufocar. E, sobretudo, dizer o amor. Amar. Amar sem medo, sem medo de dizer. Amar é voar, ser livre. Ser livre é dizer o amor. Ser vivo é amar. Amar é dizer e escutar. Amar é infinito. Amar é a língua dos homens. Quem ama aprende a falar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

NOVAS DESCOBERTAS MUSICAIS, CHEGUEM ATÉ MIM!!!!

Há uns dias postei a seguinte frase no meu Facebook: NOVAS DESCOBERTAS MUSICAIS. CHEGUEM ATÉ MIM! E os amigos foram tão, mas tão generosos, que resolvi organizar o set list aqui e compartilhar com todos vocês. Tem coisas preciosas aí!

E o blog de poesias se abre para o deleite musical.

Muito grata, Fabricio Moser, Juliano Gomes, Sabrina Bitencourt, Thiago Saldanha Pereira, Raphael Arah, Jacqueline Gagliardi, Daniel Puig, Murilo Soares, David Lima e  Leo Gonçalves!!!



















domingo, 31 de março de 2013

Poema do renascimento eterno


E de vez em quando a gente cruza uma fronteira pra descobrir que elas não existem. A alma rasga no corpo. O grito sobe a canela. Um bicho solto. A fogueira sã. O rosto se alinha ao caso de que  não há morte que nos separe em fatos, morte alguma, apenas restos derramados recompondo a vida. O ser perplexo de perpetuar num todo nunca igual estira sua fonte. O espelho quebra. A mão se firma sem sombra. Nenhuma moldura possível. Cabelos embaraçados. É sangue, puro sangue, corte, lucidez. A dor que nunca acaba celebra todo nascimento possível. Nascimento todo. Crista. Prazer.

O choro vence para a grande gargalhada.

O corpo ereto,

braços abertos,

dança a festa do viver.