O Lucas era ainda pequeno quando eu me separei do Evandro, seu pai. Desde então e, possivelmente, desde antes, eu não senti a vontade de gerar novamente. Eu acho lindo a pessoa grávida, vejo um brilho na mulher. É um estado que conecta com a essência, como se Deus estivesse, concretamente, dentro da gente. Mas de algum modo concluí que eu viveria isso uma vez só, uma intensa e única vez. Eu sentia pena pelo Lucas ficar, talvez, sem irmão. Dele não ter essa experiência da paridade, da fraternidade profunda que eu sei como é.
Um período depois da minha separação o Evandro encontrou a Karla. Com o tempo vimos que, além do nome, tínhamos em comum um olhar sobre a vida. Aos poucos viemos rompendo as fronteiras e desfrutando de uma vivência familiar respeitosa e amiga. Ela cuida do meu filho com carinho maternal. Entre nós há uma continuidade para que o seio, para o Lucas, não seja uma coisa partida. Optamos por este caminho. Seguimos firme. Consideramos as crianças acima de tudo. Sabemos o valor que temos na construção de uma pessoa melhor, de uma família melhor, de uma sociedade melhor, de um mundo melhor.
“Mãe, você vai ser titia!”. Ontem a noite era uma voz de felicidade saindo do telefone contando a novidade da chegada de um irmão. A Karla já tem um filho que, para o Lucas, já é como tal. Mas agora o laço se ajusta, o lar se afirma mais, sedimenta sua rede de proteção.
Felicidades à vida do fruto do amor de Karla e Evandro.
Meu coração comemora que o Lucas vai ter um irmão.
Eu serei titia pela primeira vez.
É motivo de celebração!