sábado, 19 de setembro de 2009

Pelo Mundo

" (...) Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
Álvaro de Campos

Leva o meu samba contigo
O meu bamba
Um seu abrigo
Leva o meu texto no teu sorriso
A minha dança de criança
O meu sentido
Atravessa nos mares o meu ritmo
A minha molecagem
Esqueça a minha idade e fica com meu ventre que brinca.
Carrega contigo nosso umbigo de forró que encosta
O nosso giro
O justo grito de refrão que salta do coração.
Se te der alguma solidão
Tome este poema como um mimo
Um presente inesperado
Um dado de mãos
Um carinho no rosto
Um beijo inocente
O nosso jeito de ser gente na poesia
Como um gesto de transgressão.
Sinta, feito abraço
No laço de saudade
Como um encontro desejado
Um canto de conforto.
Se ti vires absorto de pensamentos
Com os fermentos das descobertas
Lembra da janela sempre aberta
Com teu espaço de voltar.
Pensa no Rio
No mergulho
Na maresia
No boteco Mineiro com o cheiro do feijão
No tempero de casa
No quente da batucada
Na poesia
Na cama feita
No amor perfeito e fraterno de irmãos
Sinta o azul, o céu, o mar
O verde, o vento, o ar
E a tua capacidade infinita de sonhar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Aquilo que nunca se esquece


Na última segunda-feira, feriado muito ensolarado no Rio de Janeiro, me enchi de propósito e compromisso para que o meu filho aprendesse a andar de bicicleta. Ordenei que tirasse a camisa e iniciei com as principais instruções: manter o braço firme, o corpo sempre reto, pedalar bem forte e seguir olhando pra frente.

Foi então que me dei conta da quantidade de movimentos que precisamos equilibrar para que haja o tal deslize sobre as duas rodas.

Rajada de brisa no rosto. Rastro de liberdade. Pernas para a autonomia do caminho e do caminhar. Sobre isto irei aprender. Sobre isto irei ensinar.

Lembrança da minha infância marcada no centro de uma das pernas: certo dia carreguei uma amiga na garupa em “alta” velocidade, numa estrada de paralelepípedo. A idéia era voar com o impulso do quebra-mola. Ele veio e a gente foi: justo de joelhos no chão. Lavagem que ardeu na alma pra tirar toda aquela sujeira. Doeu, mas nunca mais desistimos.

Segurando por trás do banco, na parceria para a decolagem, tudo isso me ocorreu ao suor da ressaca de sambinha na noite passada.

“Você já está conseguindo!”, eu disse, e seu corpo se firmou para o desafio. O meu sonho se prestava para realidade, assim como as minhas mãos que fugiram do seu bumbum. De repente ele foi... juntou num passe de mágica: o firme, o sempre, o forte e a frente. Voou.

Rimos pelo meio no nosso medo, jogando a poeira para trás.

Na primeira reta sozinho deparou-se com um cão dormindo e o atropelou. Esqueci de ensinar a frear e que a vida anda, corre, pára e pode até voltar atrás. Surgi pra evitar a mordida, que eu também poderia cuidar.

V.I.T.Ó.R.I.A - foi isto que o seu olho sentiu naquele sorriso final: EU CONSEGUI!

Meu coração me cedeu este carinho eterno. Agradeci.

A primeira vez de andar de bicicleta do meu filho ainda teve um nome de batizado: Dia da Independência, em 07 de setembro de 2009.

Memória para eternidade: isto eu não esqueço jamais.