terça-feira, 18 de setembro de 2012

O fio da minha vida




Esta foto representa o fio da minha vida. Eu me reconheço neste corpo de menina, hoje mulher, mas ainda menina. Olhando esta imagem esses dias, vi a minha mão direita dobrada, bem dobrada, quase fechada. Há algum tempo, nas minhas investigações corporais, reparei que frequentemente tenciono esta mão, e este braço, e este ombro. Eu sempre disse que sofria de uma tendinite causada pelo uso intensivo do computador, e que ela, esta tendinite, era também a responsável pelas dores de cabeça que às vezes sinto, uma dor que começa pelo lado direito do pescoço, e que na semana passada me apertou o coração. Mas hoje, agora, observando esta foto, tive a certeza de que não, de que esta é uma dor cuja história se inicia muito antes de eu saber digitar. Pois bem, este cabelo, aí estou com ele, desarrumado, despenteado, e me acho linda neste desformato. É a moldura mais perfeita para este olhar fundo da minha alma. A menina desta foto tem um olhar maduro, um olhar com alma que eu tive desde menina. Então este corpo e este olhar são a minha composição mais essencial, por isso chamei esta foto de “fio da minha vida”. As pernas firmes, os cabelos soltos, aliás, meio presos meio soltos, e este olhar, e esta mão, e este corpo exposto para a vida, em pé, ereto, com curvas e meus trajetos pessoais. Eu amo esta foto como amo o meu passado a ponto que querer ser criadora de futuros, do meu. E ter este olhar amoroso para tudo que existe em mim é o que firma o meu lugar na existência.