quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quarto Crescente

A lua,
na sua metade de baixo,
sorri repleta de futuro.

Na noite,
seu resto de rosto,
surgem olhos de desejo

o nariz de um homem honrado
e os meus cabelos alados.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Segunda carta

Meu amor,

De novo te escrevo. Quero me contar nua. Tenho vivido intensamente. Liberdade.

Mora em mim esta criança sobre a relva. Corre bicho solto. Rosto alegrado de flores. Sobe balão. Céu alado meu peito, esta criança voa observando horizonte. Olha pra tudo. Ri de si. Sente a pele beijada. Transforma tudo em mundo seu. Baú de brincar.

Criança minha varias idades, as escolhe cada momento. Sabe tempo. Sabe desejo. Deixa-se ir, solta ar.

Era véu, mas tu viste olhos. Alma. Estrelas na escuridão. E nada te deteve cavalo. Montaria. Bailarino. Futuro. Mãos fortes na minha face mulher. Deu-me terra. Cabelos longos. Seios grandes. Útero, sangue, defeitos. Medo, vazio, distância. E líquidos, procriação. E agora sou ciclo, movimento, invenção.

Te amo por isso: transmutar-me encontro. Saber-me beleza mulher menina pequena. Vibração.

Vives ao meu lado agora. Moldamo-nos pares: também me vês em ti.

Agradeço meu corpo. Louvo imaginação. Danço vida festa, Dionísio, religião. Cumpro as rotinas. Planto as horas todas. Já tenho coragem. Vivo tua ausência. Interna em mim. E não temo as minhas vontades. Estendo partes, recolho insignificâncias, escrevo, choro de rir. E depois fico séria. Sisuda. Rígida. Dói. Mas gosto variâncias.

Respeito. Silêncio. Tudo cala este amor vivo. Caminhemos naves. Saberemos sonhos. Prever o que?

Vivendo confirmo, a todo o momento, que o amor e real.