segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Isso sim é poesia

- Mãe, peraí, deixa eu ver o seu rosto
... hum, eu acho que está faltando alguma coisa no seu rosto...
- É! O que?
- Um beijo!
#quemaguenta?!?!

domingo, 11 de setembro de 2011

Celebrante


Short Movie Carol e Steven from OUI FILMES on Vimeo.

Eu vi a hipótese do primeiro encontro
A vibração que atravessou jantares
As conversas com a vida posta
E as infinitas trocas de olhares.

Acompanhei as esperas dos telefonemas
O desespero pela demora
O alívio pelo sempre retorno
A certeza de que é chegada a hora.

Feliz aniversário
A decisão
O compromisso da união
Sorriso que não cabe no rosto
A mulher diante de um homem disposto de com ela caminhar
Lágrima que escorre sem ressalvas
Por este encontro de almas
Que escolhem se amar.

domingo, 4 de setembro de 2011

A poesia me toma em seu cavalo galopante. Nestas horas posso ser sua amazona, posso ser este mesmo cavalo, ou uma velha agachada na beira de um rio. Posso ser tantas quantas asas eu armar em minhas costas. E agora que já tenho a chave, o olhar que adentra a alma, a poesia me doma feito eu fosse sua dona. Sua língua lambe as minhas pernas. Suas mãos transcendem a minha pele e, por mais que eu lute, resguarde ou duvide, a poesia molha. Neste leito onde não tenho forças, de onde não há fala mas uivo, eu canto o ventre de uma loba. Protege, mas caça. Seu seio exposto alimenta. O ínfimo gesto é gesto de vida. Estou nascida para a palavra amor.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu sei, existem os dias exatos, os fatos. Para dentro deles, cada um de nós é um rio com seus afluentes. Carrega objetos e seres vivos. Tem um trajeto. Mas o curso é este mistério inundado de encontros. Este mito que: quem poderá duvidar da força humana de criar a vida pelo meio dos afetos? Quem poderá negar o poder das águas misturadas no entremeio das almas?

domingo, 14 de agosto de 2011

Eu no colo do meu pai


eu no colo do meu pai
eu no colo do meu pai
eu no colo do meu pai
eu no colo do meu pai

eu
sorrindo
no colo

do meu pai

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu deveria estar dormindo

mas sou uma alma inquieta vergada de motivos.
O corpo desperta
fazer o que dos tantos caminhos com tantas setas?
No meu peito flechas.
A noite é o prazer dos poetas.

domingo, 12 de junho de 2011

Estreante

(Poema de Manoel de Barros)

Fui morar numa pensão na rua do Catete.
A dona era viúva e buliçosa
e tinha uma filha Indiana que dava pancas.
Me abatia.
Ela deixava a porta do banheiro meio aberta
e isso me abatia.
Eu teria 15 anos e ela 25.
Ela me ensinava:
Precisa não afobar.
Precisa ser bem animal.
Como um cavalo. Nobremente.
Usar o desorgulho dos animais.
Morder lamber cheirar fugir voltar arrodear
lamber beijar cheirar fugir voltar
até.
Nobremente. Como os animais.
Isso eu aprendi com minha namorada Indiana.
Ela me ensinava com ungüentos.
Passava ungüento passava ungüento passava ungüento.
Dizia que era um ato religioso foder.
E que era preciso adornar os desejos com ungüento.
E passava ungüento e passava ungüento.
Só depois que adornava bem ela queria.
Pregava que fazer amor é uma eucaristia.
Que era uma comunhão.
E a gente comungava o Pão dos Anjos.

sábado, 28 de maio de 2011

Eu te amo

(Cometer "eu te amo" é estar na beira da vida em segurança. Para “eu te amar" o EU deve vir na frente, para que se saiba que é um EU que ama. Não se diz “eu te amo” qual se pega carona em bonde lotado. Eu te amo tem sujeito, tem verbo e tem predicado.)
Eu te amo pôr do sol, fim de tarde na praia: de um lado vermelho que arde, do outro a paz das estrelas. Eu te amo mar, que é maior do que eu e me acalma. Eu te amo na pedra sobre as ondas, onde vento e mãos no meu corpo decolam sonhos. Amanheci com a imagem de você gestando em meu peito, nascendo em mim, se erguendo para que eu seja capaz de amar maior. Eu te amo pelo que ainda não nominei porque eu te amo sentimento: nada define ou contém. Eu te amo atravessando o tempo, desde o primeiro dia e, até nos dias em que te odiei de tanto doer de te amar sem dizer.

Acordo hoje para viver o que respira, porque te amar é criar uma nova vida. Dimensões, quantas conseguirei habitar? Eu te amo sensações: pés, chão, areia, planeta terra. Eu te amo pelo que não se encerra com as tuas partidas.
Eu te amo cada vez que você vem se fazendo homem e, pelo que desejo quando tu vais me deixando nua. Tu és esta força que se movimenta e me assusta e eu sou esta força que te recebe e nos acolhe. Eu te amo parada, contemplando. Amo o teu olhar desejando o que vê, querendo nele me desenhar. Eu te amo continuamente, ciclos, marés. Eu te amo vísceras, sangue, vida. Te amando biológico, cresço deste modo descritivo. Eu te amo intacta, como da primeira vez que ainda não amei. Mulher, vermelho vestido, eu te amo por todos os sentidos que amar pode ter.
Tenho medo porque eu te amo e os destinos são senhores de si. Os ínfimos da existência têm poder.
Te amando, me dói perguntar. Perguntando, sofro de te amar sem resposta e finitude. Eu te amo porque assim sou enorme e grito, já que nada me alcança. Eu te amo criança, carecendo brincadeiras e contornos. Eu te amo entorno e nunca alvo e, teu amor é uma seta apontada pro meu peito.
Eu te amo embriagada e responsável, tendo que acordar cedo, criar um filho, produzir resultados. Eu te amo tentando sublimar e eu sou este bicho que arde. Decifro códigos que eu nem sei se existem, e me apego às teorias inúteis pra suportar uma verdade que eu também não sei se existe. Eu te amo processo, procedimento, manufatura. Eu te amo artesanato, eterna feitura.
Eu te amo tantas vezes repetindo euteamo euteamo euteamo, amo-te tanto homem! As palavras me atravessam chuvas, espiral! Dançam eu te amo música e assim molham todo o salão, universo! Eu te amo nestes versos noite e dia e este amor me desperta sonhos, paisagens! Eu te amo porque sou humana: qualidades e falhas: nada me exclui. Te amando existo, posso chorar, posso rir de alegria quando você me beijar. E te amando me despeço, desejando te encontrar.

sábado, 7 de maio de 2011

FELIZ DIA DAS MÃES

"de todos os momentos nos quais busco me aceitar
ser mãe é o que mais me cabe
uma roupa justa e certa
uma vaidade perdoada
um carinho na minha existência
que por vezes tanto dói"
(eu, trecho do poema sob a lua)

e de todos os meus jeitos de ser mãe
este aqui é o que eu gosto mais!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Deixa te molhar

chuva
(juan gelman)

hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor/
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele e faz amor com ele/
e parece sua sombra/
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher/
entra em casa pela janela e não pela porta/
por uma porta se entra em muitos lugares/
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo/
mas não no mundo/
nem numa mulher/nem na alma/
quer dizer/nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos assim/
como hoje/que chove muito/
e me custa escrever a palavra amor/
porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa/
e somente a alma sabe onde os dois se encontram/
e quando/e como/
mas o que pode a alma explicar?/
por isso meu vizinho tem tormentas na boca/
palavras que naufragam/
palavras que não sabem que há sol porque nascem e morrem na mesma noite em que amou/
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá/
como o silêncio que há entre duas rosas/
ou como eu/que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva/
à chuva/
ao meu coração desterrado/

terça-feira, 5 de abril de 2011

Coniunctio

Atraco-te em mim qual palavra atrás de significado.
Consciência
Sei de tudo:
És menor e por isso minto
És maior e por isso desejo
Teu nome, assim como o meu, carrega ancestralidades.
Somos rei e rainha do tempo,
Dimensões.
a
Tenho prazer em dirigir sendo guiada.
Cada vez que me fundo,
Ainda mais sou revelada.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mãe, você vai ser titia!

Ter irmãos é das melhores coisas da vida. Daniela, Fernanda e eu somos bem diferentes, mas no fundo a gente sabe que por nós somos capazes de tudo. É uma amizade visceral, algo que precede as afinidades, costura o tempo, une as partes. Não temos o mesmo pai biológico. Eu sou filha do primeiro casamento da minha mãe. Mas do modo que tudo foi criado, existe uma teia só, uma genealogia só, uma referência comum pra gente se apoiar.

O Lucas era ainda pequeno quando eu me separei do Evandro, seu pai. Desde então e, possivelmente, desde antes, eu não senti a vontade de gerar novamente. Eu acho lindo a pessoa grávida, vejo um brilho na mulher. É um estado que conecta com a essência, como se Deus estivesse, concretamente, dentro da gente. Mas de algum modo concluí que eu viveria isso uma vez só, uma intensa e única vez. Eu sentia pena pelo Lucas ficar, talvez, sem irmão. Dele não ter essa experiência da paridade, da fraternidade profunda que eu sei como é.

Um período depois da minha separação o Evandro encontrou a Karla. Com o tempo vimos que, além do nome, tínhamos em comum um olhar sobre a vida. Aos poucos viemos rompendo as fronteiras e desfrutando de uma vivência familiar respeitosa e amiga. Ela cuida do meu filho com carinho maternal. Entre nós há uma continuidade para que o seio, para o Lucas, não seja uma coisa partida. Optamos por este caminho. Seguimos firme. Consideramos as crianças acima de tudo. Sabemos o valor que temos na construção de uma pessoa melhor, de uma família melhor, de uma sociedade melhor, de um mundo melhor.

“Mãe, você vai ser titia!”. Ontem a noite era uma voz de felicidade saindo do telefone contando a novidade da chegada de um irmão. A Karla já tem um filho que, para o Lucas, já é como tal. Mas agora o laço se ajusta, o lar se afirma mais, sedimenta sua rede de proteção.

Felicidades à vida do fruto do amor de Karla e Evandro.
Meu coração comemora que o Lucas vai ter um irmão.
Eu serei titia pela primeira vez.
É motivo de celebração!

terça-feira, 15 de março de 2011

Qual o seu tesouro?

É muito simples. Ser adulto é que às vezes complica.

Domingo eu brinquei com o Lucas de Caça ao Tesouro. Nas férias ele aprendeu isto com os filhos da Flavia, da Mel e da Carol, em Rio Bonito de Lumiar. Volta e meia eu via as crianças circulando a casa e o quintal buscando pistas que levariam aos objetos desejados, frequentemente balas, chicletes e chocolates.

Sábado a noite, voltando de uma festa, ele me pediu: “mãe, podemos brincar de Caça ao Tesouro quando chegar?” Era tarde, eu estava cansada, tinha voltado de uma viagem. Prometi que quando ele acordasse a brincadeira já estaria montada. “Então mãe, temos que escolher algo que eu goste muito para você esconder. Os DVDs do Harry Potter! Que tal?”

Achei ótimo que o objeto era fácil de encaixar nos diversos cantos da casa. Passei a noite sonhando o trajeto, os desafios que eu poderia propor para que ele percorresse o seu desejo de achar.

Pista 1: pregada debaixo do pires do café da manhã

"Bom dia Lucas,
Aqui começa a sua Caça ao Tesouro.
Prepare-se para uma aventura emocionante!
Você terá que seguir as pistas para achar os DVDs do Harry.
Para encontrar a primeira, vá escovar os dentes!
Beijos e boa sorte,
Mamãe."

- Ah, mãe, tem que escovar os dentes agora?
- Teeeeem

Pista 2: (mãe, eu não acredito que você colocou a pista aqui!!!) enrolada na escova de dente

"Muito bem, Lucas!
Escovar os dentes depois de comer é muito importante!
Agora, para seguir na busca do seu tesouro, arrume a sua cama."


- Oba! Aposto que tem pista na cama!


Pista 3: no meio dos lençóis


"Que tal agora ter um poema de um poeta que você adora? Advinha qual é? Uma dica: o livro tem uma capa branca e está na sala."

Então:

“O menino ia no mato
E a onça comeu ele.
Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino
E ele foi contar para a mãe.
A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que
o caminhão passou por dentro do seu corpo?
É que o caminhão só passou renteando meu corpo
E eu desviei depressa.
Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia.
Eu não preciso de fazer razão.”


...

Pista 9: no bebedouro

"Agora que você já tomou café, escovou os dentes, arrumou a cama, leu um poema do Manoel de Barros, molhou as plantas e fez um desenho lindo, esta é sua pista final. Os DVDs estão dentro de um objeto que a gente coloca na cabeça, e tem jeito de carnaval."

Era um chapéu rosa de corações brancos que eu usei de fantasia e ele adorou! Era a gente vestindo a brincadeira, fazendo a farra sem nenhum disfarce. Dentro dele tinha um menino mágico, um tesouro escancarado que a vida me deu.

Na caixa dos DVDs, uma mensagem final direcionando ao dever de casa. Mãe má? Ele amou! Era um texto do Pinóquio para ler e conversar o passaporte para a esticada na cama com pipoca e guaraná.

Dá para entender o que aconteceu, não dá?

As tarefas foram realizadas com enorme motivação. Sua euforia aumentava ao perceber que as atividades cotidianas podiam ganhar o ar da molequice. Era fácil. Era bom. No meio da rotina e das ordens, na maioria das vezes chatas demais, estávamos jogando com a nossa capacidade de ter prazer com as coisas simples da vida.

Uma meta a alcançar.
Um prazo pra terminar.
Um objetivo pra realizar.
Qual o seu tesouro?

(Não pense! Diga o que vem primeiro à sua mente!)

Quer se tornar um gerente?
Quer namorar pra se casar?
Quer cuidar de gente?
Quer ser um rock star?

Que tal começar a brincar?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Voraz

O amor quer sair pela minha boca
com sua voracidade louca.
Bicho vivo,
faminto, rastejante, arteiro
me morde primeiro para andar livre
sendo o que ele é:
instinto, entranhas, vísceras, sangue escorrendo.

O amor pode até me matar.
Vive sem mim,
mas não vive sem se saciar.

quinta-feira, 3 de março de 2011


Pessoas não são descartáveis,
Se negue ao desperdício.
Por uma ecologia do ser:


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Canto de Iemanjá

Odoiá, minha mãe, céu azul
Tua paz tem estrelas do mar
Tuas águas são fontes de luz
Teus cabelos, esteiras de amar.

Iemanjá, o teu canto de amor
É uma prece de acreditar
O teu seio é um colo sem fim
Faz o homem dormir e sonhar.

Ó rainha de tanta beleza
Viva em mim tua força de ser
Teu encanto vem da natureza
Tu és guia para o meu viver.

Lindas flores te enfeitam de fé
Tua dança carrega o querer
Tens a garra de uma mulher
Que merece, na vida, vencer.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Espécie onírica

Sapiens é sabedoria
E sabedoria é um caminho interno
Que faz uma ponte com o universo
Pelo qual tudo flui:
Luz passa
Emoção esgarça
E nos torna essa espécie que vive
Sem parar de sonhar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Para o Bê e porque POESIA GERA POESIA

Lemos os seus versos
Na mesa
Na noite
Nos seus óculos que atravessam pontes, versos, links
Viagens.
Desde sempre
Desde o primeiro dia
Desde as noites que te ligo sem propósito com o único propósito de:
O AMOR É A FONTE DA VIDA
A amizade é a síntese
Imaginariamente...
... te sinto presente cada vez que chego pensando em saber mais sobre a existência.
Nossa distância encurta entendimentos
Vinde o cotidiano peregrino da alma
Caminhante
Estamos juntos na loucura
Na feitura dos passos
Nas escolhas de seguir.
Sigamos.