domingo, 25 de outubro de 2009

Criar-se

Mais um traço
Outro verso
Toda cor
Sempre o verbo
A vida verte sentido
E busca a força dentro de si.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Consumação

Botei anel de noivado
O fato se faz consumado
Lento, mas sem atrasos
Decisão pelo tempo passado
Sonhos em série
Frios no fundo da alma
Retiro a coragem do prazer dos pulos e das cordas bambas
Ando de sombrinha e de saia rodada
Pelo luar brilhante e apaixonado
Das noites sem fim
Dia claro se faz dentro de mim
Pelos erros e seus reparos
Pela vista que vai longe
Pelo simples que é ouvir meu coração e saber que o trajeto é certo
Da rede dos laços, quem poderá duvidar?
Da sede do novo, quem irá subtrair a minha língua?
Eu, que faço das flores espada
Desfruto da pequena conquista
Por singelo passo
Pelo caminho, que é vasto,
Sigo ereta
Repleta de dança
Sincera comigo
Comemoro por dentro
De cabeça descansada
O grande salto
Sono tranqüilo e pensamento fértil
Estou prestes a parir
Filho tão desejado
Parte minha amadurecida
Gerada sem licença e com certeza
Amada por mim.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vem pra mim

Outro dia veio em casa uma amiga que está pra lá de envolvida com a terapia da Bioenergética. Contou sobre um exercício que não sei se terei condições de colocar em palavras, pois que seus olhos e mãos foram fundamentais para o efeito que se deu em mim: aos pares, simplesmente se dizia, uma pessoa a outra: vem, vem pra mim, olha pra mim.

Exercício de intimidade, de amor que se pede do profundo do carecer do outro para existir.

Amor menino e maduro: solicita sem malícia, reconhece em si a sua fragilidade e dela lança vôo ao mundo.

Passeiam no meu peito há dias aqueles olhos e mãos. Transpassam os meus tempos, a minha falta de memória colada no corpo e no meu ímpeto de sofrimento por vezes sem compreensão.

Um ser moderno eu sou: isso eu descobri ainda ontem pela sociologia contemporânea - o que não me deu conforto algum... Trocava tudo, até o enrolado dos meus cabelos, por um único instante de dependência plena combinado com acolhimento total.

Não é possível voltar ao útero...

...Talvez por isso eu adie (agora com um pouco mais de consciência) alguns dos meus importantes desenvolvimentos...

...Talvez por isso eu habite grandes indecisões, e sofra de uma incrível falta de praticidade para a vida útil...

...Talvez por isso um jeito passional de abordar a vida, recolhido de pulos mais abissais na hora da prova real...

...E talvez por isso eu esteja há dias me vendo ali, na fraqueza confortável daquele suplicar de palavras...

Foram os óbvios que atingi.