quinta-feira, 17 de maio de 2012

Identidade

Era forte a tempestade
muito vento
mar batendo nas pedras
folhas rangendo seus dentes.
À cadeira, na calma de uma grama verde,
a mulher intacta me olhava revirar as entranhas:
“Um homem que me salve, um homem!” -
era a busca de uma força mais bruta que a natureza.
O desespero de acordar
o desejo de dormir
acordar e dormir,
acordar e dormir.
As lágrimas no travesseiro transbordam as fronteiras
Vontade de sentir a bacia, as pernas,
o pé, a terra.
Ereta, braços levantados
‘Sou Eu, sou Eu esta mulher
um corpo em profusa imaginação’.
Não morro disso
Não mato,
Eu vivo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Há no meu corpo uma urgência de descoberta
Fonte inesgotável de saudade e de futuro
Poema mudo
Palavra aberta
A vida pulsa em descontrole contornando mais que forma:
Um modo de ser.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Crescer

A gente perde:
O peito
O dente
As roupas
Os brinquedos
O olhar generoso
O riso de graça
O perdão das falhas
A crença nas fadas.
Crescer é uma árvore de tronco grosso brotando no peito por dentro:
Vai sugando a água, rompendo as vigas
Quer vento, sombra, comida
Traz rumo e quer que a gente siga.
Crescer não é linear:
Tem vontade de brincar
Medo inesperado
Cantiga no chão em roda
Massinha
Tem a gente deitando de conchinha
Alma entrelaçada
Lágrima enxugada.
Crescer é eterno processo:
O ganho da razão
O trabalho
A diferença entre o certo e o errado
A emoção vibrando, mantendo o seu espaço
A largura do abraço
A vitória da criação.
A escolha: nossa vida em nossas mãos
Corpo, mente, coração
Essência, natureza, aquisição
Tudo numa roda-gira-mundo
Dentro- fora
Simples - profundo
Neste diálogo multidimensional.
Crescer é o inteiro da gente ganhando a terra, o sol, a lua, o ar.
É continuar sonhando
Mas ter o passo de realizar.