quinta-feira, 8 de abril de 2010

Constituição

(Escrever é um desejo se realizando secretamente pelo meu inconsciente,
pois a palavra ela chega lá bem mais fácil do que eu.)

A poesia me pega pelas mãos
Vai me guiando pelas entranhas
Vasculhando minhas heranças.

Uma mulher mora lá
Uma mãe mora lá
Uma garra mora lá.

Uma fome, um choro, uma vontade
Uma espera difícil de se morar.

Velas brilhando, cheiros, dança
Brincadeiras de criança
E alguma estupidez.

Sonhos, lembranças
O que eu sei e o que eu não sei
O colo de Deus mora lá
E o mais profundo abandono.

Clarice Lispector mora lá
Adélia Prado mora lá
Manoel de Barros, Pessoa e Gullar.

Moram tantos amigos,
amores, paixões
Dias de festa,
tempestades e trovões
Que a minha paz não sossega:
Tece, borda, se entrega
Contrai, se assusta e não se nega a formar as minhas místicas:
As minhas místicas femininas.

6 comentários:

  1. Que bonito texto poetico. Lembra ato de consceber ao de parir. Parabens querida Carla.

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  2. Leo querido, que honra a sua visita por aqui!
    É verdade, casa poesia é uma concepção que passa por todas as suas etapas e segue pelo mundo depois. Volte sempre. Bjs.

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  3. ... Muito amor em teu ser!!!
    Mistica, feminina, mulher, homem, iniciativa, a falta dela, o exesso... Ai ai ai o exesso! Nos faz intensas... mas com uma pitada de dor, uma pitada de medo, uma pitada de sabedoria... Isso sim é um ótimo freio!
    O freio que nos faz viver e morrer!
    Bjs e saudades amiga!

    Paloma Carvalho

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  4. Adoro nosso lindo universo, Paloma! Volte mais! Bjs

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  5. De 'Velas' ao 'abandono' obrigada por isso. Isso precisava ser escrito! É um alívio toda vez que a gente lê algo que mora no fundo da gente também.

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  6. São as nossas distâncias internas que nos fazem poeta. Bjs, Jac.

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