quarta-feira, 19 de maio de 2010

E o kiko?

Quem é mãe como eu sabe a luta que se trava com joguinhos eletrônicos e TV para que o rebento realize suas atividades rotineiras: banho, jantar, escovar dentes etc - e ainda ter sempre o velho e bom diálogo.

Pois bem: tiranamente proibi a entrada de DS e PSP na minha casa. Mesmo sendo chamada de doida radical, estou super, super feliz com esta decisão. Entretanto, recentemente a NET aqui de casa voltou ao ar (pasmem: ela pifou há uns meses e eu não fiz a menor questão de concertar – até que - meu filho, desesperado, ligou pro pai, meu ex-marido, que saiu em sua defesa acionando o reparo para que ele “voltasse à vida”). Desde então a minha hora do jantar foi seguindo o seguinte trajeto:

- Oi Lucas, mamãe chegou :-) !
- Ah... ah... ah...
- Lucas, tá na mesa, vem jantar :-)!
- Ah, mãe, depois deste desenho...

Então gente, na NET tem desenho atrás de desenho, com durações de ininterruptas meias horas.

- Lucas, vem agora.
- Ah, mãe, você é chata - resmungo, cara feia, blá blá blá...

Depois de alguns dias nesta lenga, resolvi largar de mão, jantar sozinha. Quando ele teve fome, sentou-se a mesa. Aproximei-me dizendo:

- Então, Lucas, como iremos chegar num acordo?
- Que acordo, mãe?
- Mamãe chega em casa e quer conversar com você, jantar junto, brincar e tudo mais.
- Hum... não sei...
- A mamãe está ficando chateada porque você só quer ficar na TV, entendeu?

Daí veio a ilustre pergunta deste pequeno menino de mim nascido:

- E O KIKO?

Mães e pais deste Brasil varonil: o que retrucar diante desta célebre resposta-indagação que deixa a gente torta, tonta e ao mesmo tempo radiante por tamanha sagacidade?

Fui ao banheiro pra rir sem ser ouvida e não perder o respeito. Voltei assumindo a posição:

- O Kiko é o seguinte:

Nem mais preciso relatar pra este post não se alongar demais de perder sua graça. Sei que está complexo educar neste mundo cibernético e áudio-visual. Os pequenos prazeres já são outros nestes tempos que são outros. Como identificar o que é essencial sendo invisível aos olhos? Como não se perder nesta aprendizagem sentimental cotidiana que nos arrebata de trabalho, tarefas e cansaços pra fazer frente aos valores fundamentais do olho no olho, conversa fiada à mesa se estendendo depois da sobremesa e coleta dos elementos raros pra se educar depois e mais sobre o que nos nutre à alma e o coração vida a fora?

Perguntas sobre as quais venho, dia-a-dia, construindo teorias, sendo ora adulta e ora menina, para ensinar, doce e firme, a arte de conviver.

9 comentários:

  1. Carlinha,
    nem me conte essas coisas porque o Thiago, que nem dois anos tem, de vez em quando faz umas colocações muito engraçadas. Fico pensando justamente no dia em que ele estiver realizando o que diz e soltar, racionalmente, um E O KIKO? da vida.
    Já comprei vários livros com a arte do bem educar, mas sei que é no dia a dia que a coisa pega... Até lá, espero que todas as minhas amigas mães me contem suas respostas para eu usar, em caso de necessidade.

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  2. Fiquei imaginando a cena... você indo rir no banheiro. Eu acho que não me aguentaria. Ainda bem que ainda não sou mãe... Enquanto isso, fico na arquibancada aprendendo e me deliciando com meu papel postiço.

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  3. Carlota nem me fale... Aqui em casa a televisão já tem até apelido: MALDITA! Quando eu fico atacada com a conexão hipnótica do João com a TV ou o PC (ele só tem 4 anos), digo: Agora vc vai ficar sem a MALDITA por hoje. Depois de um tempo, ele pergunta: "Mamãe, posso ligar a MALDITA, só um pouquinho?"

    Ai que vontade de rir, pois é cada um com as suas graças. A arte de educar um filho realmente requer malabarismos e muita, muita, criatividade com esses pequenos espirituosos.

    Ah, tem uma nova no blog pra refletir a roda de poesias e o nossa missão de blogueiras. Dá uma olhada lá.

    Beijos e até sexta.

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  4. Caramba, querida. Ainda não cheguei nesta fase... Estou numa fase mais fácil, que ainda não tem muita negociação. Ter, tem. risos Mas a gente ainda se impõe mais. Bruna fará 2 anos semana que vem. Ainda nem sei o que é DS e PSP! rs Mas acho que essa dificuldade é muito pertinente do nosso mundo "líquido" como diz Bauman. Acho que vale insistir no convívio, combinar de jantarem juntos à mesa e aí vc aproveita pra conversar nesta hora. Depois, deixe ele curtir os desenhos. Acho triste os pequenos trocarem as brincadeiras pela TV ou jogos. Mas é a tendência. É uma geração conectada. Tenho sobrinhos de 4 e 7 anos e um afilhado de 14 e vejo as mães na mesma dificuldade. Sua preocupação é muito pertinente e tenho certeza que vc vai encontrar o equilíbrio, vai conseguir negociar com sabedoria. Boa sorte! (Ah! E depois conte como foi... quero a dica! hahahaha) :-)

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  5. Nossos filhotes estão cada vez mais 3.0...Para onde vamos? Ainda não sei. Mas muita coisa vai mudar. Ou melhor, já está mudando. O Luca joga online e encontra seus amigos. O Pedro é fera em PS2 e games de mão. Eles já querem um msn e um email pessoal. Daqui a pouco vamos chegar a criação de um perfil nas redes....É isso aí.

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  6. Chorei de rir!!!!
    Beijos
    Alê

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  7. Ria sozinha no banheiro e nos conte enquanto ele ainda não é seu seguidor! Bjs nos dois.

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  8. É muito difícil lutar contra tudo isso!!! A minha maior concorrente é a TV. E o que fazer se só chego em casa tarde e os irmãos estão completamente conectados e não têm "tempo" para o mais novo?
    Uma coisa é certa: acesso à Internet só para pesquisas! Viva a bola, a bicicleta, os jogos de tabuleiros, cartas....

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  9. Queridas mamães, por segundos achei que este post era particular... mas vejo que nãããão!
    Tamojuntas!
    Beijos

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