domingo, 24 de outubro de 2010

Devoção

Amanhã tem Adélia Prado autografando seu novo livro A DURAÇÃO DO DIA, na Travessa do Leblon.

Eu não devia dizer isso aqui porque a verdade é que eu queria que não fosse ninguém. Queria que estivéssemos lá apenas ela e eu, íntimas, numa prosa de fim da tarde com cafezinho, sem hora, sem pudor, desejo presente, toda entrega possível.

Não, mentira, queria ficar com ela em silêncio, olhando. Observar como ela se move, as expressões do seu rosto, a roupa que ela usa, os modos como mexe no cabelo e come.

Pensando bem, gostaria que Adélia não me visse. Talvez eu não consiga ficar diante dela, me sinta estranha, pensamento vazio. Eu não saberia o que dizer diante da sua sabedoria, da essência poética que ela produz.

É melhor mesmo que vá muita gente e eu fique anônima. Publico este post torcendo para que um monte de gente que gosta dela leia e esteja lá pedindo a assinatura, para que a minha vez passe sem ela me perceber.

Não preciso que ela diga nada olhando pra mim. Ela já diz muito quando estou em silêncio e com dor.

"Não há culpados para a dor que eu sinto. É Ele, Deus, quem me dói pedindo amor como se fosse para eu ser Sua mãe e O rejeitasse.
Se me ajudar um remédio a respirar melhor, obteremos clemência, Ele e eu.
Jungidos como estamos em formidável parelha, enquanto Ele não dorme eu não descanso".
Consanguíneos, Adélia Prado em A duração do dia.

É a companhia de Deus está mulher.

2 comentários:

  1. ai ai ai... é tão bonito que doi. Tô sentindo o mesmo que você, em todas essas fases.
    Vou estar lá, se Deus quiser!

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=BcFhohzPc7Q
    Esse video é para os fans de Adélia Prado!!
    Entrevista fantastica!!

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