terça-feira, 19 de maio de 2009

Centro de Tradições Nordestinas

Este sábado fui à “Feira dos Paraíbas”, em São Cristóvão. O local passou por uma reforma há cerca de dois anos e agora se chama “Centro de Tradições Nordestinas”. Um grande pavilhão, composto de pequenas lojinhas, uma ao lado da outra, para todas as direções. Entre as fileiras, pessoas se aglomeram ao redor de duplas de repentistas, restaurantes típicos e um palco central.

Ao redor vê-se rapadura, queijo coalho, tapioca, cachaça e toda sorte de comestíveis. As carnes de sol penduradas, tais como roupas no varal, causam uma sensação de que não apenas estão ali os artigos, mas também as tradições na forma como o produto é comercializado. CDs e DVDs parecem pular de gôndolas e prateleiras, gritando – está aqui o verdadeiro coração do norte-nordeste! As músicas tocam confusas, todas ao mesmo tempo, mas ninguém parece se incomodar. Além de comer e ouvir, pode-se também vestir blusinhas, vestidos e decorar a casa com todo tamanho de toalhas de renda branca, colorida ou bordada.

No largo corredor que leva ao palco principal, restaurantes decorados estão dispostos em seqüência. As churrasqueiras elétricas ficam à vista, exalando o cheiro da carne queimando. Os garçons nos abordam entregando panfletos e falando das virtudes da casa, tentando conquistar o freguês. Após olhar alguns deles, intuitivamente sentei, pedi o cardápio e uma cerveja.

Ali fiquei, jogando conversa fora, num clima bem descontraído. Lá pelas tantas, vejo o garçom que me serve no trabalho sentado numa mesa próxima. Fui ao seu encontro e o cumprimentei, sem perder de vista meu filho que saía correndo atrás de um vendedor de brinquedos de plástico. Todo orgulhoso, ele me apresentou a mulher e a filha. Após trocarmos algumas palavras e sorrisos, fui retornando, pensando com meus botões – que bom tê-lo encontrado por aqui!

Depois de comer a típica carne de sol com macaxeira, queijo coalho frito, dirigi-me à atração que reunia nordestinos, nortistas, cariocas e alguns turistas. A banda de ritmo “Brega”, tal como se classifica o estilo musical que tocava, fazia com que muitos dançassem. Alguns se entreolhavam e sentiam-se constrangidos com as letras recheadas de vocabulário de ”baixo calão” e com a coreografia dos bailarinos repletas de movimentos um tanto sensuais.

O fato é que os verdadeiros anfitriões pouco se importavam com os diferentes olhares sobre a sua verdade. Com sorrisos largos, espalhavam-se em movimentos e revelavam através do olhar o conforto do retorno à casa. Os mais desavisados poderiam ver ali a música “brega”, a dança “vulgar” ou a palavra “chula”. Outros mais atentos viam a alegria de um povo que, mesmo longe de casa, luta para manter suas tradições e orgulha-se de sua origem.

Ficava tarde, criança com sono, hora de ir. Olhei ao redor e me despedi. Fui para casa refletindo: o quanto a vida é diversa e rica para aqueles que sabem a ela se entregar; o quanto é importante estar aberto ao novo, ao diferente, ao inusitado; o quanto é prazeroso experimentar o mundo livre de preconceitos; o quanto nos falam os olhares, os movimentos do corpo e as manifestações de um povo. Foi um instante intenso de alegria e prazer.

Escrito em - 03/04/2006

2 comentários:

  1. Vamos lá num fim de semana destes? Lá em cheiro de Newton Vergara, seu avô. Tem música que se dança gostoso como ele dançava. Viajo até meu pai sempre que estou naquele ambiente. Sinto, literalmente, minhas raízes. HUMMM, minha boca encheu d´água. Ih! Meus olhos também. Bem você diz- mulher e água são assim, unha e cutícula.
    Mãe

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  2. Nem sabia que o Dr. Newton VErgara tinha neta.
    Eu o conheci, apresentadopelomeupai. E foram momentos muitos bons
    em minha vida...aprendi muito...
    Era uma equipe muito boa...e humana.
    Muito legal e muito séria.
    Abraços,
    Wagner

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