sexta-feira, 17 de julho de 2009

Uma tarde no Petit (Paulette)


Conhecemos a Renata, que nos serve uma gelada após a outra entre deliciosas comidinhas e é casada com o cozinheiro. Renata tem um par de filhos, um de dois e outro de doze - o mais velho toma conta do menor enquanto ela atende ali - bendito feitio do tempo que me acolhe em conversa e por dentro abraça os irmãos pra labuta materna.

Ficamos as duas nos versos de amor e sentidos de ventre, que aos cochichos sabemos. Palavras fogo de não queimar, palavras sopro de acalmar leite-sentimentos.

Do inesperado surge o caldo, a cultura, o futuro. Vejo por onde crescer e tanto medo! Da alma de boteco vem o anjo, o servo das possibilidades de encontros sem precisão de resultado mas jorrando água na direção do meu vento: impossível voltar atrás.

Minha calma é um corpo lento que deseja as ondas de mar e me leva pra lugar certo. Eu sei e aceito como que em conjectura de astros, quase irracional. Conheci meu dono tarde (o poema), e depois de sua invasão toda a vida retomou seu sentido: musica, filmes, bares, a minha profissão, os homens diante de mim e mais ainda o meu umbigo.

Nós duas, mulheres e mães extremamente nesta ordem, vivemos uma tarde de malemolência conversatória, da qual nosso íntimo mestre, de longe participou por nossa união. Sorrimos como fotos de jornais, achamos nossos entre-universos pedindo mais: amor, amizade e poesia - numa boa mesa de calçada.

A Dê e eu.
Depois o Zé.
Com Paulinho, no Petit.

A cria queria cheiro e esta metade venceu. Segui em paz.

2 comentários:

  1. Não conhecia sua prosa,muito prazer
    Por que não dizer
    Gosto muito da poesia e senti assim como ciume
    Da prosa que não conhecia
    Da mulher que agora se revelava e aparecia.
    Muito bom poder te ler. Beijos
    Nelson K.

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