sábado, 10 de março de 2012

Da violência do abandono

Saiu, bebeu, comeu, fumou
desejava sentir, desejava vencer, desejava ser salva.
Desejava acordar de manhã com um homem lhe trazendo o café.
Desejava amar este homem e lhe fazer café.
Desejava de novo e sempre e velozmente
que nada se rompesse
que nada lhe rasgasse
que o peito permanecesse intacto aos tapas, tiros e perfurações.
Desejava tudo e desejava nada.
Traia, batia, xingava
era culpada, culpada,
CULPADA!
Pelo desejo violada, violentada, estuprada,
engravidava e paria um filho
que morria
a cada manhã.

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