sexta-feira, 16 de março de 2012

Avante

Ela despe, ele veste, corpos secos, custou. Cortes nas veias, falta de ar, noites, sangue, seiva, sono, vertigem. Transtorno e tempestade. Deserto e areia, não se vê. A finitude lança a sua estrela. Uma música de fundo azul. Um sorriso no canto da boca. O tempo é pouco para amanhecer. Silêncio rascante, ação desordenada, triste a tristeza do ser, funda a tristeza do ser, dói o amor. Alma, sonho, descanso, tudo contorce. Nada a dizer que não seja este ponto final com um fio de saudade. Ele some no horizonte. Ela deita no poente. É uma despedida. Os olhos água. A cor não brilha. A vida parece errada. Sombra mareia a caminhada e o nascimento de um filho. O parto é lento. O braço rompe um sopro de esperança. É uma mãe esta mulher. O leite escorre consolando a fome. O ventre volta ajustando o corpo. Ela já pode viver.

Respira larga e livre
Justa com sua vontade
Venta vestido novo
Nave de si.

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