“Hoje eu atingi o reino das imagens,
o reino da despalavra. “
Manoel de Barros
Naturalmente muitas pessoas me perguntam se eu sou parente do Carlos Vergara. Não bastasse a coincidência do sobrenome, somos masculino e feminino do mesmo significado. Carlos ou Carla: “um lavrador de terra que a transformou num jardim próprio para reis”.
Então ontem surgiu a oportunidade de estar presente na abertura de sua exposição, no MAM/Rio de Janeiro. Para lá segui com este propósito de me apresentar, saber sobre nossos antepassados e, portanto, me revelar.
Coração acelerou e a voz falhou diante do sorriso-olhar: “Carla Vergara! Nossa!” Prontamente me perguntou sobre a minha procedência familiar.
A família Vergara viera da Espanha e, chegando aqui, parte foi para o Sul e parte para o Norte do país, respectivamente as origens dele e minha. Se somos parentes, a distância é enorme... mas muito carinhoso, ele assinalou: “tem um primo teu aí, um Vergara que veio do Norte – o Guilherme. Fica perto que eu vou te mostrar.”
Meus pés doíam por uma bota precavida de chuva (que não chegou), e eu parti. Tal desconforto não combinava com aquela beleza disposta ao meu redor. Este Carlos, o não-primo do meu avô, é um sujeito criador. Faz coisas grandes não apenas pelo tamanho, mas pelo impacto que causam em nós.
Eu não entendo nada das artes plásticas e só bem recente me interessei pelo reino da “despalavra”, como diz Manoel. Mas ali não precisava saber. Só ver, sentir e ser.
Vou passear de novo naquele MAM, num dia de mais solidão, para estarem ali somente as obras e eu – neste silêncio profundo de criação que comunica Deus.
A terra dele é o ver
A minha, a escrever
O parentesco é esta engenhoca pregada na alma com a causa de transcender.
Guilherme, se ler esta prosa, adoraria te conhecer.
Adorei Carla. Sabe que sempre que escuto falar dele eu lembro de vocês.Mas nunca tinha me atentado ao Carlos - Carla.
ResponderExcluirAdorei suas poesias!
Beijos,
Lola